O Rei das Blue-Chips!

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O objetivo deste blog é de mostrar opiniões sobre o mercado de ações no Brasil.

links sobre conflitos de interesses

Matérias e notícias relativas a independência do analista de mercado.


http://www.acionista.com.br/editorial/040708_analista_mercado.htm

04/07/2008.

"A missão do Analista de Mercado e o Conflito de Interesses

A preocupação com o comportamento dos preços dos títulos no mercado de capitais remonta, por incrível que pareça, ao ano de 1900, quando Jean-Baptiste Alphonse Louis Bachelier, matemático francês (1870-1946), produziu o primeiro estudo sobre a Teoria da Especulação, criando o modelo Random Walk, integrando sua tese de doutorado. Na esteira do trabalho de Bachelier, no decorrer do século XX, centenas de estudos, teses e modelos matemáticos sobre o comportamento dos preços dos títulos negociados em bolsa, foram produzidos pelo mundo acadêmico, alguns deles ganhadores do Prêmio Nobel.

A Teoria ou Hipótese da Eficiência de Mercado, um dos pilares da Moderna Teoria de Finanças, está baseada na premissa de que os preços dos títulos refletem instantaneamente todas as informações relevantes disponíveis no mercado e tem sua origem nos estudos sobre o comportamento dos preços de títulos iniciados no começo do século XIX e seqüenciados no decorrer do século XX. Na década de 60 foi formalizada matemática e economicamente, passando desde então a ocupar um lugar de destaque em debates no universo acadêmico. (Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v. 10, nº 1, janeiro/março 2003).

A função do mercado de capitais é fundamental para o desenvolvimento econômico de um país por alavancar o crescimento dos meios de produção com baixo custo financeiro para os empreendedores.

A análise eficiente do conjunto de dados sobre a empresa, realizada pelos analistas de mercado, profissionais para tanto habilitados na forma da legislação vigente em cada país, é decisiva para a correta formação e informação do investidor, especialmente, pessoa física, grupo este que cresce vigorosamente em todos os mercados. A atuação isenta transparente e eficiente, portanto, do conjunto destes profissionais é preponderante para manter confiável, ativo e crescente o mercado de capitais.


Há, efetivamente, conflito de interesses na atuação destes profissionais? Esta polêmica está instalada há tempos e vem sendo acompanhada pelos players do mercado, especialmente, nos EE.UU. A Edição junho/2008 do ValorInveste publica excelente matéria abordando este instigante tema. No mercado americano a Securities and Exchange Commission, órgão equivalente à nossa CVM, estabeleceu em 2002 regras específicas para monitorar a atuação dos analistas, bancos de investimentos e corretoras. Mesmo assim, no auge da crise do mercado de hipotecas, a SEC constatou em relatórios dos 10 maiores bancos de investimentos, que analistas recomendavam a compra de ações de 45% das empresas cobertas e que só 11% das ações receberam indicação de venda. Os bancos eram os mesmos que anos atrás sofreram pesadas multas da SEC por falta de independência na análise das ações. À época, houve evidências da existência de conflitos de interesses constadas em documentos e análises encontradas nos computadores das instituições fiscalizadas. Na crise das hipotecas repetiu-se o episódio levando algumas instituições, como a Merrill Lynch, a adotar regras mais rigorosas para a elaboração de relatórios, estabelecendo parâmetros estatísticos para enquadramento das recomendações de compra, manutenção e venda das ações.


No Brasil não há comprovação de casos semelhantes, mas, experientes observadores do mercado entendem que há ameaças à independência dos analistas vinculados às instituições financeiras. Alega-se a existência de pressões para que os analistas emitam relatórios não desabonadores aos papéis que compõem as carteiras de suas instituições. O crescimento do mercado de capitais, o expressivo números de IPOs, o volume de empresas participantes da bolsa e a conseqüente escassez de analistas contribuem para fragilizar a atuação desses profissionais. Diz-se que as recomendações de nossos analistas concentram-se mais em comprar, pouco em manter e quase nada em vender. Reclama-se da falta de padronização do conceito dessas recomendações, padronização adotada pela SEC no mercado americano, e que este fato pode causar prejuízos à continuidade da expansão do número de investidores, pessoa física. Argumentam os analistas que as empresas brasileiras entendem que a recomendação de venda equivale à declaração de que a companhia apresente problemas financeiros.


A CVM, criteriosa guardiã da moral e da credibilidade do mercado, tentando reduzir conflitos de interesses e manter a independência das análises, apresentará para audiência pública sugestões de mudança na instrução 388 que regula as atribuições do analista. As entidades de auto-regulação e a APIMEC são peças decisivas para aumentar a credibilidade do mercado de capitais.



Os investidores esperam que da união de esforços dessas entidades, surjam medidas corretivas que fortaleçam cada vez mais nosso mercado de capitais, especialmente nesta fase de turbulência importada da economia internacional. Enquanto isso vale seguir o conselho da SEC americana: ”Quem compra ações só porque um analista as recomendou está se prejudicando”. Investidores bem- sucedidos ouvem opiniões, mas procuram informação e tomam decisões sozinhos".

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http://revistas.fee.tche.br/index.php/ensaios/article/viewFile/2040/2422



Informação dos investidores: classificação de riscos, contabilidade e conflitos de interesses

Maryse Farhi - Doutora em Economia pelo Instituto de Economia da Unicamp, Pesquisadora do projeto FAPESP do Instituto de Economia da Unicamp.

Marcos Antônio Macedo Cintra - Doutor em Economia pelo Instituto de Economia da Unicamp, Pesquisador da Fundap.

Resumo: "o artigo procura discutir o acesso dos investidores às informações relevantes para suas tomadas de decisão. Inicialmente, enfoca o papel dos sistemas de classificação de risco de crédito concedidos por agências especializadas e descreve o processo de surgimento e de expansão dessas agências. O comportamento eminentemente pró-cíclico das classificações emitidas por essas empresas se evidencia nas crises dos países do Sudeste Asiático, da Rjssia e do Brasil, bem como no processo de desvalorização das Bolsas americanas. Conflitos de interesses entre as recomendações dos analistas de valores, as empresas de auditorias e as classificações atribuídas pelas agências e problemas nos balanços das corporações tendem a suscitar a desconfiança dos investidores e a desencadear um reforço dos mecanismos de regulamentação e supervisão em detrimento dos de auto-regulação".