A Petrobras tem 13,04 bi de ações. Tem cerca de 13,8 bi de BOE de reservas provadas em ÁGUAS RASAS e continentais, não considerando o pré-sal (somente petróleo e condensado).
Fazendo uma conta rápida, é quase 1 ação para 1 barril em águas rasas e continentais (1,058).
Podemos considerar que o lucro líquido dos BOE é perto de 12% do preço internacional. Então, 1 barril estaria gerando perto de US$ 7,61 de lucro por ação (crude oil a US$ 60,00).
Assim, por ação, estas reservas teriam o preço estimado, aproximado, de R$ 19,80. Entendo que esse seria um valor BASE de cotação para PETR4, ou seja, uma forma simples de P/L apenas considerando as reservas provadas sem pré-sal e outros ativos.
Considerando o total de ativos menos dívida (ou seja, o PL), o VPA da Petrobras era de 27,77 em 2T14.
Esses números indicam que a cotação atual de R$ 10,11 para PETR4 parece estimar a falta de perspectiva positiva futura para a empresa e que há muitos problemas, gerando um pesado desconto de cerca de 17,00 frente a seu VPA e de cerca de 10,00 frente a minha estimativa para as reservas de águas rasas. Um dos problemas já abordei no
artigo deste link (PeTrolão).
Os outros problemas parecem estar ligados ao pré-sal (baixa lucratividade ou mesmo inviabilidade nos preços atuais do oil) e ao altíssimo endividamento.
As atuais cotações do oil colocam em xeque os pesados investimentos da empresa, porque:
a) modelo de exploração do pré-sal obriga a empresa a ser operadora dos blocos;
b) o custo de exploração, que, segundo estimativas, está perto ou acima de US$ 60,00/barril, deixa o pré-sal no limite da inviabilidade, afinal, o crude oil está hoje a exatamente US$ 60,00/barril.
Os planos divulgados pela empresa (PNG 2014-2018) preveem um total de US$ 220,6 bi em investimentos.
Desse total, US$ 135 bi seria destinado ao pré-sal (60%, ou US$ 82 bi) e ao pós-sal ( 40% ou US$ 53,9 bi).
Em R$, teríamos, de 2014 a 2018:
Total dos investimentos: 573 bi.
No pré-sal: 213,2 bi.
No pós-sal: 140,1 bi.
O problema está aí: serão investidos 213,2 bi no pré-sal, mas se os preços do oil ficarem baixos demais, a lucratividade será zero, ou pior, NEGATIVA, o que seria desastroso!
Então, QUAL SERIA UMA BOA SOLUÇÃO?
Considerando o enorme endividamento atual da Petrobras, de 241 bi em 2T14 (dívida líquida), que gera perto de 17 bi ao ano de juros (ou 1,29 por ação), a solução é VENDER!!
Vender cada vez mais oil, mas tem que ser de menor custo, de águas rasas e continental.
Para acelerar as vendas de petróleo de águas rasas,
por que não comprar empresas nacionais que já contam com recursos contingentes e com algumas reservas?
Além das empresas de oil listadas na Bovespa, existem várias outras pequenas, bastando ver o site da ANP.
Focando as empresas abertas:
OGpar: tem vários campos de exploração ainda intocados e não tem grana para começar a explorar.
OSX: é uma solução para pronta entrega de duas FPSO, com a vantagem de ter no Açu uma ótima área contratada para 30 anos, a baixo custo de aluguel. Também não tem grana para mais nada.
HRT: caixa minguando, mas tem bom potencial em Solimões, principalmente para gás. O problema é o alto custo para monetizar este gás, mas a Petrobras já tem boa estrutura por lá, o que facilitaria.
QGEP: empresa que está em boa situação financeira, por causa de seu conservadorismo e baixo endividamento. Mas demora muito para monetizar seus campos de oil.
Se a Petrobras comprasse estas empresas, certamente haveria ganhos de escala e sinergias. E o principal: a Petrobras tem geração de caixa para investir no CAPEX necessário para tirar o oil e gás que as empresas possuem.
Além disso, a Petrobras poderia desenvolver a OSX. Dá dó de ver um bom projeto, o estaleiro, parado lá, enferrujando, quando poderia estar gerando renda.
Qual seria a produção diária em BOE das 3 empresas acima? Seria igual à atual, mas a Petrobras poderia acelerar o desenvolvimento da produção.
Dos 213 bi que a Petrobras investiria até 2018 no caro e, atualmente, duvidoso, pré-sal, bastaria apenas uma fração para comprar as 4 empresas e ainda sobraria muito para o CAPEX.
Vamos a umas contas: qual poderia ser o preço de compra de todas as ações das 4 empresas?
Temos que considerar que
prejuízo é investimento, ou seja, não foi fácil para as 4 empresas chegarem no status atual, ainda que em péssima situação, no caso de OGpar, OSX e HRT.
Portanto, faço 3 estimativas de possíveis preços de compra de TODAS as ações das 4 empresas:
Veja que, mesmo com um preço de compra BEM ALTO frente à atual cotação das empresas em bolsa, a
Petrobras despenderia entre 19 bi e 32 bi, ou 9% a 15% do total de 213 bi previsto para o pré-sal.
A geração de caixa da Petrobras permite essa compra, afinal, só em 6M14 a empresa gerou 23,7 bi de caixa. Em 2013 e 2012, a geração de caixa foi de 66 bi e 64 bi, respectivamente. O problema é que a empresa precisa alocar caixa em pesados investimentos, sendo a maior parte no pré-sal.
Quais as vantagens nessa hipótese? Entendo que seriam, além do que já escrevi acima:
a) colocar o pré-sal em stand by até que os preços do oil se definam, para que seja avaliada a continuidade da exploração ou se seria necessário rever o sistema de exploração (mudança do marco legal).
b) Acelerar o desenvolvimento do potencial de águas rasas, que tem menor custo que o pré-sal.
c) Ajudar a acabar com a péssima imagem que OGpar, OSX e HRT deixaram. É óbvio que o fracasso destas empresas não faz bem para o país. Comprar as empresas seria pelo menos uma solução decente, ao invés de deixá-las simplesmente quebrar. Ajudaria também a melhorar a imagem do mercado de capitais brasileiro, que acho que está fortemente abalada, principalmente pelas falcatruas X.
d) Desenvolver os potencial de gás em Solimões da HRT (e também da OGpar e QGEP). Atualmente, com o problema hidrológico, é fundamental que as reservas de gás brasileiras saiam logo do solo, para que um possível problema de falta de energia no futuro seja evitado.
Qual o nível de BOE diários que a possível compra acima iria gerar?? NÃO SEI!! Mas basta observar o portfolio das empresas para constatar que há bom potencial a ser explorado, além da pequena extração já existente.
NÃO É UMA SUGESTÃO MALUCA!! Conforme quadro acima, o preço de compra poderia corresponder entre
0,12 bi e 0,20 bi de BOE (preço de venda do oil a US$ 60,00/barril) no total das 4 empresas, o que não é alto, já que há muitos campos de exploração nas empresas acima.
Na proposta mais alta (a estimativa 3), o valor de compra equivaleria a cerca de 203.000.000 de BOE. Basta ver o portfolio das empresas acima e inferir que poderia ser extraído mais do que isso, considerando todos os campos.
Enfim, é apenas uma hipótese que poderia ajudar a Petrobras resolver o atual problema do endividamento e de necessidades de aumento de produção e vendas. Quanto ao PeTrolão, é outro problema.
Quero deixar claro que esse estudo não visa recomendar compra, venda ou manutenção de ações. Trata-se apenas de um mero estudo opinativo.
Vejam minhas outras análises em
http://analisedefundamentos.blogspot.com.br/