Os gráficos de cotações históricas costumam pregar peças. O motivo é que muitas empresas fazem splits (desdobramentos de ações) e bonificações (os famosos "filhotes" das ações). Esses eventos são descontados dos gráficos, da mesma maneira que os dividendos. Por isso, no longo prazo, os gráficos tendem a mostrar os preços antigos cada vez menores, caso a empresa distribua muitos dividendos ou faça splits.
Se olharmos para o gráfico de longo prazo de VALE5, observamos que em 01/2002 ela estava cotada a cerca de 3,00. Mas nesta época não estava. A cotação correta seria cerca de 53,00 em 01/2002.
VALE5, de 01/2002 até hoje, fez bonificações e splits na proporção de 12 vezes, além dos dividendos. Assim, os gráficos ajustaram as cotações históricas nessa proporção.
Portanto, um bom analista de ações, visionário, que conseguisse vislumbrar o fantástico crescimento da China que impulsionou os preços dos minérios e outras commodities, poderia muito bem dizer, em 01/2002:
"Minha projeção, no melhor cenário, é que VALE5, cotada hoje, 01/2002, a 53,00, esteja cotada a 636,00 daqui a 10 anos, projetando um ganho ao acionista de 1.100%".
Certamente, seria taxado de louco, não é? Afinal, ele estaria projetando um aumento de 12 vezes nas cotações das ações, ou 1.100% em 10 anos. Isso representa um crescimento anualizado de 28,20% ao ano.
Além do alto percentual, há o efeito psicológico da cotação projetada, de 636,00. Ninguém engole uma projeção neste sentido, porque não há nenhum papiro na bolsa com cotação nesse número.
Parece que 28,20% ao ano não é muito, principalmente no Brasil com seus juros altos. Mas o CDI, no mesmo período, subiu 4,27 vezes, ou 327%, média de 15,62% ao ano. Assim, a blue chip ganhou, e muito, do CDI.
Mas a VALE5 subiu muito mais do que 1.100%. Nesse período, o papiro subiu cerca de 14 vezes e ainda pagou muitos dividendos.
Supondo que uma pessoa tivesse comprado VALE5 em 01/2002, ela teria recebido R$ 29,37 em dividendos e ainda veria o papiro se valorizar 1.300%, saindo de ajustados 3,00 para os atuais 42,00.
Significa que ela teria comprado VALE5 a 53,00 e recebido 29,37 e dividendos. Sem considerar a correção monetária, seu custo ajustado seria R$ 23,63. Após os splits e bonificações de 12 vezes, esse custo é de R$ 1,96 !! Assim, esse sortudo, ou esperto, pode hoje vender VALE5 a 42,00, com lucro total de 21,4 vezes em 10 anos, ou 2.042%, o que equivale a uma média de 35,8% ao ano.
E veja que nem considerei a correção monetária sobre os dividendos distribuídos ao longo dos 10 anos, porque, se considerasse, certamente o custo de aquisição seria NEGATIVO.
Portanto, o hipotético analista acima, que teria previsto alta de VALE5 de 53,00 para 636,00 em 2012, quase teria acertado, porque a atual cotação de hoje, de cerca de 42,00, equivalem a cerca de 742,00 em 01/2002. Só erraria no percentual de ganho estimado, que foi de cerca de 2.042% em 10 anos, ou mais de 1.700% acima do CDI.
Infelizmente, não comprei VALE5 em 01/2002 e nem analisei VALE naquela época, a tal ponto de poder fazer uma previsão nesse sentido!
Mas isso é passado. O que interessa é o futuro, não é? Qual será a próxima "VALE5" da bolsa, nos próximos 10 anos? A própria Vale? Bancos? As X?
Acho que uma boa análise fundamentalista pode ajudar:
http://analisedefundamentos.blogspot.com/
Boa sorte!
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